E leio hoje na Exame que aquele comercial tosco da Phillips criado pela áfrica e criticado por meio mundo na verdade foi uma estratégia de marketing para dar à marca uma nova roupagem, visto que a empresa já cogitava a entrada na área de notebooks. Vamos por partes.
A revista traz uma entrevista/reportagem com paulo zottolo, presidente da Phillips do Brasil e responsável pela entrada da empresa na ramo de computadores portáteis. Segundo a entrevista, o presidente recebeu consecutivos "nãos" do conselho diretor da Phillips na Holanda, mas pela insistência e pelo fato de o mercado de notebooks no Brasil estar em franca expansão, os diretores acabaram cedendo à idéia.
O que mais me inquieta nessa história toda, é a 'coragem' da phillips de entrar em um mercado com barreiras altíssimas de entrada e maiores ainda de saída. Este mês terminei de ler "Estratégia Competitiva" do so-called "guru" Michael Porter, e lá é tratado especificamente sobre isso. Quando que uma empresa deve entrar (ou não) em determinada indústria, ou uma sub-área desta. Cita vários exemplos de empresas que procuraram se integrar horizontalmente e não foram muito felizes em sua estratégia. Com o avanço da tecnologia, em que um dos fatores que mais conta é a especialização, nem o integrar verticalmente é uma boa idéia.
Porter, logo nos primeiro capítulos, evidencia três estratégias genérias que toda e qualquer empresa, deveria utilizá-las.
São elas:
1. Preços;
2. Especialização e;
3. Enfoque.
Pelo que vejo, a Phillips não se enquadra muito bem em nenhuma delas.
Em relação ao preço, o notebook mais barato que a Phillips vai lançar, custará R$3,999 que, definitivamente, não competirá com os da Amazon PC, Positvo entre outros, que montam qualquer coisa lá e vendem por menos de R$2,000.
Com relação ao enfoque, os notebooks da phillips, que a princípio lançará apenas dois modelos, um de 11,1" e outro de 13,3", concorrerá diretamente com os "minis" sony vaio (que, ok, são bem mais caros). Mas cá entre nós, quem está interessando em comprar um notebook pequeno e potente dificilmente será sensível a preço. Além do mais, vaio já tem um nome muito forte no mercado e ainda é sonho de consumo de muita gente por aí.
E com relação a especialização, a Phillips não produzirá o menor notebook do mercado, nem o mais leve, nem o mais potente e muito menos é um mac. Não precisa dizer mais nada, né.
Sobre a campanha, o modelo foi o mesmo que o próprio marqueteiro Zottolo utilizou quando ainda estava na Nívea na década de 90, quando colocou a Gisele como garota-propaganda com a idéia de renovar a marca e tal. Para alegria dele, funcionou. O problema é que a Nívea é uma empresa de cosméticos e afins enquanto a Phillips lida com tecnologia. São ramos totalmente diferentes em se tratando de marketing e propaganda com público alvo totalmente distintos.
Colocar a Ivete como garota-propaganda com intuíto de dar uma nova cara à marca para começar a vender notebooks, a meu ver não foi uma estratégia muito acertada. Anyway, esperemos para ver.
Vale lembrar que há um tempo, a Phillips tentou sem sucesso entrar no mercado de celulares.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
Sobre a Phillips e sua estratégia de marketing
Assinar:
Comment Feed (RSS)
|