terça-feira, 29 de julho de 2008

A Falácia DOHA

A rodada DOHA está nos centro das atenções dos noticiários políticos e econômicos. Muito se critica as nações industrializadas que pregam o liberalismo mas não o praticam. Afinal, será que esse liberalismo comercial é realmente bom para a economia brasileira? A resposta de todo bom economista: depende.

Neste ano, a rodada ficou marcada pelo incansável discurso de Celso Amorin dizendo, em outras palavras, que é melhor um pássaro na mão do que dois voando, ao mesmo tempo em que recebiamos severas críticas de correligionários de aliança comercial acusando o Brasil de traição.

A negociação estava mais ou menos assim, na área agrícola, os Estados Unidos haviam prometido o teto de US$ 14,5 bilhões ao ano para os subsídios concedidos a seus agricultores. Para o nosso atual ministro de relações exteriores, isso é considerado positivo

Enquanto isso, os países em desenvolvimento - ou seja, para o Brasil e seus sócios do Mercosul - se comprometeram em cortar 54% nas tarifas de importação de bens industriais, com margem de proteção para 14% das linhas tarifárias. E é aí que mora o perigo.

Reduzir impostos sobre produção industrial significa sufocar a indústria nascente, ou seja, todo esforço no sentido de desenvolver uma indústria nacional que é símbolo de uma nação economicamente desenvolvida, será jogado fora para favorecer aquilo que já temos de mais forte: a agricultura.

Com isso os liberais riem à toa, não existe nada mais ricardiano do que isso. Teoria da Vantagem Comparativa total. E é aí que entra o depende. Se o Brasil quiser ser para sempre conhecido como o celeiro do mundo, é ótimo, vamos produzir soja como nunca antes. Porém, se um dia quiser se desenvolver tecnologicamente, será tarde demais.

E enquanto o desenvolvimento não vem, o Brasil fica assim, a ver navios, indo e vindo. Porque para nós é super normal ver navios abarrotados de soja indo em troca de alguns com microchips vindo. Mas concordamos que os portugueses foram estúpidos quando assinaram o tratado com a coroa inglesa para vender vinhos em troca de trigo.