segunda-feira, 8 de março de 2010

Mulher? Dia? Internacional?

Eis que chegamos a mais um dia internacional da mulher. Motivo de orgulho para elas, ao menos para a grande maioria. Quando vejo um homem parabenizando ou presenteando uma, percebe-se, de imediato, o sorriso brotando do rosto da homenageada. Sinceramente gostaria de saber o motivo de tal contentamento, e obviamente também o da homenagem.

Não me considero nem de perto um associado do clube machista (como amigos que dizem que Getúlio Vargas foi o pior Presidente da história, pois iniciou a conquista em busca da igualdade de direitos das mulheres perante os homens, através do movimento do sufrágio feminino, conquistado o direito de fato em 1934), e tão pouco o último dos românticos. A questão é o folclore que realizam em torno da data. A igualdade deve haver (torço para muitos homens não lerem isso) e suas conquistas estão cada vez mais perceptíveis, seja no mercado de trabalho, na independência financeira – e em alguns casos familiar – e até mesmo no cenário político nacional e internacional.

Porém o que retrata o dia de hoje poderia ser a seguinte situação: a mulher chega ao escritório e sobre a sua mesa está um belo ramalhete de rosas e um cartão escrito à tinta pelo próprio chefe. Ela sente-se realizada, seu dia não poderia ter começado melhor, sua autoestima está nas nuvens, trabalhou o dia inteiro com os dentes amostra. Logo chegará o final do mês e perceberá que segue recebendo em torno de 15% a menos que seu colega – que possui mesmo cargo e mesmas funções. Outro seria descrito assim: o marido chega à tardinha pedindo para sua esposa se arrumar e a leva em dos melhores restaurantes da cidade, janta magnífica, música maravilhosa e sobremesa com aquele toque; a noite perfeita. Ao acordar, amanhã, ele irá desdenha sua mulher, dizendo que sua camisa não estará passada como ele deseja, que o café estará frio e o almoço terá que estar pronto às 12:08, mas tem que ser às 12:08.

Impossível não realizar uma pequena analogia com o atual sistema de cotas que as universidades públicas estão realizando pelo país afora. Onde se destinam vagas de acordo com a raça e condição social. No dia de hoje foram incontáveis as pessoas que discursaram sobre o assunto e os eventos que foram realizados em prol do movimento feminista. Complicado este sistema, mas para aquelas que aderem as cotas, espero que tenham aproveitado o dia, pois o próximo agora, só o ano que vem.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Ironia do Destino

Momento oportuno para estrear um post sobre futebol não teria igual a este. O assunto central do momento é a próxima (e última) rodada do campeonato brasileiro. Mais especificamente o Grêmio e o Internacional. Então, comentaristas das mais diversas áreas dos diferentes vínculos midiáticos se voltam ao caso grenal (ao menos aqui no RS). Quando perguntado, hoje pela manhã, a um meteorologista qual é a previsão do tempo para a semana, ele logo respondeu:
- Pois é, este é um assunto delicado, mas ainda sou daqueles que penso que profissionalismo vem em primeiro lugar, então penso que o Grêmio deve jogar para ganhar!

Bom, brincadeira a parte, aconteceu o que muitos previam (mesmo alguns não desejando). O título do internacional depende diretamente do jogo do Grêmio e a partir daí já estão surgindo algumas suposições:
Inter promete dividir taça em caso de vitória de seu rival. Grêmio ganhando a partida fará carreata, carregado em carro de bombeiros pela torcida colorada. Grêmio resolve dar férias para grupo principal, amistoso marcado no domingo com os reservas e treino para os juniores, escalando assim seu grupo sub 13 para o jogo.

Está ok, sem mais brincadeiras, este é um exemplo de como o povo gaúcho é radical e eterno defensor de seus ideais. Outro aspecto presente é de como a emoção, ou paixão, prevalece sobre a razão, pois em caso de jogadores gremistas, de coração (e não somente de profissão) estar em campo no domingo, eles nunca, eu reafirmo o nunca, jogarão para ganhar o jogo. Há de se ressaltar que a questão ética também entra em campo, e creio que nenhum jogador gostará de ser lembrado como “entregador”. Cartas na mesa, palpites ao vento e apenas uma certeza: gremistas de todos os pampas, salve rara exceção, torcerão contra seu time e todos colorados, aí neste caso sem exceção, incluindo até o mais fanático deles, balbuciarão (mesmo que imperceptivelmente) um ‘feitooo’, em caso de gol tricolor no próximo domingo. Peripécias desta fórmula privilegiadora e que permite tal situação, aí já na opinião deste autor, por esta semana, flamenguista

sexta-feira, 13 de março de 2009

Crise ou Terrorismo?

Nos últimos dias ouvi algo no qual me chamou atenção de amigos e familiares. Se ainda tivesse sido de apenas uma pessoa, creio que passaria despercebido ou até mesmo seria motivo de piada entre em uma roda de amigos, mas já ouvi em três situações distintas. O caso é o seguinte: durante um bate papo, logo surge o assunto da crise (algo um tanto quanto enfatizado nos últimos meses) e ouço uma hipótese curiosa, por assim dizer: “Esse negócio de crise é pura bobagem, tudo isso é terrorismo do Jornal Nacional. Ele só vem ao ar para mostrar índices negativos, aí é óbvio que tudo vira caos.”

Admito em um primeiro momento ficar surpreso com tal raciocínio, porém após ouvi-lo novamente (com palavras similares, e mídias “inferiores”) e parando um segundo para refletir sobre o assunto já diria que o pensamento não está de todo equivocado. A crise está aí – e vai longe – mas vejamos: o papel da imprensa (aí está inserido o JN) é informar, esta é sua função social. A pergunta que surge seria: caso a mídia como um todo, onde estariam os jornais, telejornais, internet, etc. publicassem apenas os índices positivos (que estão escassos em meio ao holocausto financeiro) esta crise será mais amena?

É fato que os acontecimentos fazem a notícia, mas e a recíproca também é verdadeira? Infelizmente estas perguntas não têm como serem respondidas na prática, entretanto um momento de reflexão é válido.

O pior disso tudo é estar procurando emprego em meio este bombardeio, seja negativamente financeiro ou informativo.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Previsões 2009

Após milhares de cartas, e-mails e convites a palestras e retiros espirituais devido ao estrondoso sucesso por parte das previsões anteriores (2007 e 2008) encontrei-me obrigado a realizar mais estas pequenas alusões a alguns fatos que marcarão o próximo ano, dentre eles:

$ No cenário político demográfico nacional o destaque será a cidade do Rio de Janeiro e não a partir do mosquito mais famoso e procurado do Brasil e sim pelo fato de uma pequena limpeza: o fim das favelas! Após incansáveis mortes, indesejáveis quadrilhas de narcotráfico e infinitos contrabandos, a prefeitura do Rio, juntamente com a CIB (Centro de Inteligência Brasileira), aliados ao capitão Nascimento, irão traçar um plano onde serão jogados mísseis (que deveriam – do verbo não serão – ser cinematográficos) durante as gravações de Tropa de Elite 2. Não seria necessário, mas só para constar capitão Nascimento, através de sua destreza, sairá ileso.

$ Já para o cenário mundial o foco não poderia ser outro senão Balack Obama, o primeiro afro descendente, negro, de pele escura, eleito presidente dos EUA. Será descoberta uma revelação que irá chocar o planeta inteiro (como se ele fosse um ovo gigante). A partir de uma simples “pelada” nos fundos da casa branca com os demais congressistas, será revelada sua habilidade única para o futebol. Boatos irão germinar como chuchu, e após uma interminável perseguição à verdade o presidente reúne sua comitiva e em uma entrevista totalmente inesperada, ele revela que o rei Pelé, vulgo Edson Arantes do Nascimento (este também já foi capitão) é seu pai. Ocorreu quando na década de 60 ele visitou os EUA e conheceu a, posteriormente famosa, Oprah Winfrey. Dá para acreditar?!

Entre alegrias e tristezas, o Brasil terá uma lastimável perda daquele que liderava e acima de tudo esbanjava esperança a criança. Difícil será tolerar a agonia do povo cearense – ou nordestino em geral – que adotará 4 meses de luto, período exatamente intermediário entre o carnaval de verão e o de inverno. Que horror!

Bom, de resto 2009 será muito válido para a história, pois ele vem logo após o 2008 e precede o tão esperado 2010. Isto é espetacular. Fico por aqui agradecendo sua pequena atenção, e desejando, para o ano que está chegando, que você não troque apenas de agenda, mas troque emoções e alegrias. Compartilhemos tudo aquilo que nos faça bem!
Feliz 2009!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Meados de 2053

Durante um almoço em família:
- Vô, hoje terei aula de história geral, e a professora avisou na última aula que será sobre a crise financeira global de 2008.
- Ok, e o que eu tenho a ver com isso?
- Pois é, e o senhor viveu aquela época, certo vô?
- Sim e não quero falar do assunto, estamos no horário da refeição!
- Papai, não seja grosseiro com seu neto, ele tem apenas 13 anos e está te questionando algo.
- Está bem. Não gosto de falar do assunto porque foram dias difíceis, não somente o ano de 2008, mas os que se seguiram. Instituições e grandes corporações ruindo, milionários perdendo fortunas. Primeiro foram os bancos, logo em seguida foram as grandes marcas, até tudo virar pó.
- Era isso que iria te perguntar, a professora pediu para falarmos sobre nomes como Google, Coca-cola e Nike. O que essas marcas comerciavam vovô?
- Ah coitadas (só de lembrar abro um sorriso). Eram símbolos do modo de produção daquela época. Dominavam o mercado, ou melhor, o mundo. Era um filme lançado, lá tinha um merchandising da Coca-cola. Uma nova idéia surgia no ramo da tecnologia da informação, em questão de dias a Google comprava e era só um jogador de futebol com seus 15 anos ser vendido para a Europa a Nike já o retia como novo prodígio.
- Credo meu avô. O senhor falando assim até parece que o senhor vivia em um mundo escravizado, sem poder algum de manifestação ou disputa sócio-econômica. Eu ainda gostaria de viver podendo escolher o que...
- Acho que encerramos a conversa por aqui, o ônibus do governo já está aí na frente para te levar na escola. Boa aula!

terça-feira, 23 de setembro de 2008

22 motivos para não esquecer.

Após 3 longos e bons anos de moradia no quarto 22 da Casa do Estudante Universitário I da Universidade Federal de Santa Maria resolvi enunciar aqui 22 momentos que certamente levarei comigo:

01. Já na primeira semana passei com 38º graus (durante a noite), sem ventilador e com um batalhão de mosquitos. Conseqüência: dormir tapado e acordar ensopado. (fev/05)

02. Operação gatonet, o quarto sendo utilizado como QG central; mapas, reuniões e estratégias para agir na hora certa, para felicidade de toda CEU. (mar/05)

03. Um possível projeto foi discutido onde o 22 e o 23 virariam somente um quarto. Um com a sala/cozinha e o outro com o quarto. O projeto não saiu do papel, mas era interessante! (jun/05)

04. As discussões entre os liberais e não-liberais; socialistas e capitalistas; ortodoxos e heterodoxos logo após o almoço quando o vizinho vinha até o quarto. (fev/05~dez/05)

05. Com a ajuda de dois grandes amigos (um aspirante a médico e outro a arquiteto) e uma apostila não conseguimos resolver uma prova de matemática, estudando para o vestibular do dia seguinte. Logo, reprovado! (jan/06)

06. A realização de um churrasco, com direito a churrasqueira improvisada e nuvens de fumaça para o quarto acima, em troca um balde de água na carne. Sem graça. (fev/06)

07. Reforma do quarto. Encabeçada e realizada pelos outros dois moradores. Resultado: quarto vira exemplo da CEU I. Essas palavras não são minhas, mas concordo. (abr/06)

08. A possível moradia de uma garota no quarto, fazendo com que eu estivesse a palavra final, sendo que os outros 2 moradores já moravam lá há anos. (mai/06)

09. O item acima acarretou na desunião entre os outros 2 membros do quarto, um dos momentos mais desagradáveis, fazendo com que eu ficasse durante 3 meses sozinho. (jun/06)

10. Após repor uma das vagas com um amigo conterrâneo e de mesmo pensamento sócio-econômico, outro morador simplesmente bate à porta e se diz morador. Cada uma que acontece. (out/06)

11. Uma festa surpresa para um amigão da economia, tudo marcado e combinado. O missioneiro ficou feliz da vida! (nov/06)

12. Uma semana inteira assistindo durante a madrugada as garotas do voleibol do Brasil em busca de mais um fracasso, isto na companhia das baratas que passeavam pela pia, sendo em vão qualquer tentativa de aniquilação. (dez/06)

13. Uma faixa! Uma faixa – não encomendada – de bixo 2007 feita por uma amigona. Muito legal!! (jan/07)

14. Torcida carimbada e com o pensamento positivo no Imortal Tricolor em busca do tricampeonato da Libertadores da América de 2007 em todas as quartas. Não foi daquela vez, uma pequena adiada. (fev/07~jun/07)

15. A noite do hotel; onde após uma festa de formatura, o quarto foi tomado por vizinhos e desabrigados, fazendo com que 7 pessoas dormissem num espaço 5mx5m. (mar/07)

16. Aquele mesmo morador (item 10) foi pedido a se retirar. Situação muito desagradável e hoje posso até chamar de injusta. Paciência, agora já foi feito. Sem mágoas. (mar/07)

17. A noite dos filmes; 4 filmes (se é que podem ser classificados como tais) assistidos na seqüência entre 6 apavorados, amedrontados e enraivecidos telespectadores. (jun/07)

18. Madrugada curta. Onde eu e o outro morador vivendo em momentos parecidos, sem muito sono e com muito trabalho para faculdade viramos a noite. Nem é necessário dizer que não foi em função da faculdade, mas sim dialogando, conversa produtiva. (jul/07)

19. Julho de 2007: o mês da ausência criativa de noites de sono, ou uma tradução mais direta; monografia. Dias complicados. (jul/07)

20. Despedida de uma amiga para o Mato Grosso do Sul. Neste dia foi o recorde de pessoas ao mesmo tempo no quarto, 18. Não me pergunte como se conseguiu esse feito. (jan/08)

21. A hora de deixar o quarto, devido uma lei da Universidade. Algo nada agradável ou planejado, mas por vezes a vida não avisa com muita antecedência o que tem que fazer. (fev/08)

22. As reuniões diárias nas quais se conversava sobre os mais variados assuntos, com aqueles que ali estavam, sempre acompanhados de um cafezinho passado na hora. Muito bom! (fev/05~fev/08).

Finalizo agradecendo, aos moradores em que lá estiveram durante esse período, aos amigos que lá fiz e mantenho até hoje, às visitas ilustres que lá tiveram e a outros momentos que não saíram da minha memória. Obrigado!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Auto medicação

Com um pé fora eu outro dentro da farmácia, percebo que a balconista me persegue com os olhos e uma feição levemente preocupada. Sendo assim vou até ela e lhe questiono:
- Por gentileza, estou à procura de uma dose de grosseria, vocês têm aqui?
- Desculpa, mas eu não entendi o que o senhor quer. – Responde ela desconfiada.
- É simples. Desejo apenas uma porção de grosseria, seja ela em comprimido ou em gotas.
- Não tenho como lhe ajudar, o senhor vai ter que me desculpar. – Fala ao mesmo tempo em que tenta se esquivar de mim.
- Então me veja um pouco de indelicadeza ou brutalidade, que estou precisando agora, já que vocês não têm grosseria para me vender! – Falo com um tom de voz um pouco mais forte, já que estava perdendo a paciência.
- Desculpa senhor, desculpa. – Resmunga a jovem em meio aos soluços.
- Mas que incompetência da sua parte, não consegue sequer atender um cliente, onde está o gerente deste local, isto é uma afronta! – Começo a ficar nervoso e percebo que chega até mim uma pessoa com um semblante desafiante e soberbo.
- O que está havendo aqui, algum problema? – Pergunta o homem franzindo a testa.
- Sim! Sua funcionária além de mal educada e incompetente, por não conseguir atender a um simples cliente, é psicologicamente afetada. Exijo que você tome uma atitude perante esta situação! – Argumento roendo os dentes e colocando o dedo indicador em seu peito.
- O senhor está se referindo a minha funcionária ou a si próprio quando diz que alguém aqui é psicologicamente afetado? – Indaga calmamente e com um ar de ironia.
- O quê!? Que audácia sua falar essa bobagem! O que está pensando? – Enfrento-o com os olhos saltando de suas órbitas.
- Refiro-me a cartela com oito comprimidos que o senhor comprou a dez minutos atrás conosco e tomou-as de uma vez só e que logo depois pedi para o senhor se retirar de minha farmácia. Não se recorda disso? – Explica ao mesmo tempo em que olha para seu relógio.
- Quem!? O que foi que acontec.. – Tento confrontá-lo, quando tomo um susto ao ver, em minhas mãos, um caixa de remédio com o seguinte escrito: Grosseril: ingerir um comprimido a cada seis horas; em caso de overdose, grosseria exacerbada e ocorrência de amnésia temporal.