quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

A ascensão da FIAT

Ao ver a propaganda do Novo Stilo, algo me chamou a atenção: o câmbio. Assisti duas vezes para ter certeza de que não vi errado: o Novo Stilo vem equipado com câmbio sequêncial semi-automático e lindas butterflies¹ atrás do volante.

Todo apaixonado por carro (eu!) sonha em um dia ter um carro com câmbio butterfly, um tipo de câmbio presente em supercarros como, para citar apenas um nome: Ferraris. Sabendo que isso é um sonho, a maioria, digo, os menos afortunados, contentam-se com um sequêncial semi-automático, câmbio utilizado nos carros da Stock Car.

Mas este não é um post sobre carros, muito menos sobre suas especificações técnicas. Ou pelo menos não era para ser.

O que quero mostrar é a ascensão da FIAT em posicionamento da marca. A FIAT, que alguns anos era vista com uma empresa de carros baratos e de péssima qualidade (e. g. Fiat 147, Família Uno, entre outros), hoje, pode-se arriscar dizer, que tem os carros mais desenvolvidos tecnologicamente do mercado.

Além do Novo Stilo como novidades de encher os olhos qualquer apaixonado por carro, lançou em Agosto passado o Punto, o primeiro carro no Brasil a rodar Windows Mobile, com direito a Bluetooth, Blue&ME (lê -- em voz alta -- suas mensagens SMS) além de outras tecnologias que agradam a qualquer geek.

Há ainda muitos céticos sobre a qualidade da FIAT, mas penso que isso é uma questão de tempo, até porque não se reposiciona uma marca da noite para o dia (às vezes, nem no sentido oposto!).

O certo é que a FIAT está caminhando a passos firmes. Inúmeros cases sobre a empresa italiana estão sendo estudados em Escolas de Administração, o que de certa forma, reflete o compromisso da empresa em mudar seu legado. Não consegui dados sobre o market share da FIAT, mas não me espantaria se soubesse que tem aumentado sua participação principalmente nas classes A e B.

No entanto, nem tudo é um mar de rosas. Algumas atitudes da FIAT, a meu ver, podem colocar em xeque os avanços alcançados. Um deles é a desenfreada mudança de logotipos. Em menos de seis anos, foi trocado duas vezes. A primeira, mais do que justificável, diga-se de passagem, visto a necessidade de dar uma nova cara à marca. No entanto, a segunda talvez fosse desnecessária, levando-se em conta a preocupação com a consolidação da marca.

Aliás, o que eu mudaria, é o slogan: "Movidos pela paixão". Penso que poderia se incorporar algo relacionado a "moderno" e "inovador" aí. Mas este é apenas meu ponto de vista.

Voltando ao Novo Stilo, o que não agradou meus olhos foi o novo layout, digo, design. Façamos assim: me vê o modelo antigo com um câmbio novo, por obséquio.


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¹ Eu sempre achei interessante a sonoridade de "butterfly". Aí os caras vão e traduzem para "câmbio borboleta". Perde toda a graça.
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terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Eficiência por favor

Quando estava fazendo a monografia de conclusão do curso (sim, quase um ano atrás) me deparei com uma tabela bem importante, ela mostrava o Japão como país mais eficiente no uso da energia e ficou lá pela página .. não, na verdade ela não foi publicada, ficou no curiosidades.doc mesmo, mas relacionava a energia/PIB de países industrializados.

Energia/PIB – indicador de intensidade energética - o indicador energia/PIB é denominado intensidade energética do PIB.

E a belíssima explicação, não publicada também:

Os indicadores de intensidade energética permitem a realização de macro-análises sobre a utilização da energia nos diversos setores da economia e sociedade ou, até mesmo, de toda a nação. Para tanto, relacionam variáveis energéticas, sociais e econômicas. Permitem também o traçado da evolução do uso da energia ao longo dos anos bem como a elaboração de perspectivas e tendências do mercado de energia, demanda e suprimento para os anos futuros.

Um bom exemplo é dado pelo Japão que, com a integração de políticas tecnológicas, energéticas e ambientais, conseguiu atingir um dos níveis de intensidade energética mais baixos entre os países da OECD (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Isso permitiu também a redução das emissões de poluentes atmosféricos associadas à utilização da energia ao mesmo tempo em que foi mantida uma taxa de crescimento econômico elevada.

Afinal, o uso eficiente de qualquer coisa em qualquer lugar já devia ter sido elevado ao patamar de indispensável em tempos modernos. Mas enquanto isso não acontece é com aplausos que se constroem mais e mais usinas termoelétricas movidas a carvão [argh] Brasil afora, perpetuando burramente o decadente sistema energético centralizado.

Percebam que mesmo usinas hidrelétricas fazem parte desse sistema, embora com menos desvantagens, e a nossa tão querida água, tão abundante, já dá sinais claros [se você não viu, eu vi] de escassez.

Aliás, não percam as homenagens do blog ao centenário da imigração japonesa no Brasil:

Imigração japonesa 1

Imigração japonesa 2

Bom, voltando .. sem demora veremos todas as atenções voltadas ao uso [pode ser ao mau uso] da água, esse precioso bem, que, se não está sumindo [pois tudo se transforma] está escasseando. Problemas à vista.

Este post deveria falar sobre a água, mas as coisas que eu vi são histórias para o próximo.


sábado, 23 de fevereiro de 2008

Reviews


Desejo e Reparação (Atonement)
Drama/Romance: o filme retrata a vida de uma família Inglesa vivenciada na década de 30, onde uma jovem se apaixona pelo ajudante e amigo da família. Tudo estava no caminho da felicidade até uma falsa acusação, advinda da irmã da jovem, sobre o rapaz, destruir com o romance e fazer com que suas vidas tomassem rumos opostos. A partir daí o drama se estabelece. Mesmo não sendo um grande adorador de romance, achei este filme muito bom, pois conseguiu contextualizar a época de conflitos entre França e Inglaterra na trama, aliado ao romance do casal e ao drama da irmã.
Nota: 4,2 (Daria 4,0; mas pela indicação ao Óscar de melhor filme ganha um bônus de 0,2.)





O Suspeito (Rendition)
Ação: entra em cena o famoso conflito político/religioso entre EUA e o povo mulçumano. Um ataque terrorista, envolvendo uma bomba, acontece em uma praça, dezenas de mortos e feridos, entre eles um norte americano. Logo surge o responsável pelo ato, porém seguem as investigações, encarcerando e torturando um suposto cúmplice, para obter informações sobre o ataque. O filme conta com um elenco grande e disperso, resultando em compreensão lenta do longa. Apresenta uma ótima crítica ao sistema adotado pelos EUA para “solucionar” a guerra contra o terrorismo, sobrepondo-se sobre valores éticos e humanos.
Nota: 3,7

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

A trilogia Blue-Ray


Apesar da vitória, a Sony não tem motivos para descansar. Com o avanço da banda larga e computadores mais potentes, seu próximo rival será a internet. Os especialistas afirmam que a concorrência, agora, é com os downloads de vídeos direto da rede.

(Matéria na Exame sobre a vitória do Blue-Ray)


Que o Blue-Ray¹ iria vencer a batalha contra o HD-DVD não é novidade para ninguém (nem para o pessoal da Semp Toshiba, creio eu)². Mas esta era apenas a primeira batalha.

Já li por aí, não me lembro onde, que a segunda batalha que o Blue-Ray (doravante BR) irá enfrentar é contra a pirataria. Não creio. Recursos digitais e tecnológicos para deter isso não faltam. Já reparou que aproximadamente 10% da contra-capa dos álbuns atuais é reservado para selos que comprovem a integridade e a não-violação dos direitos autorais da obra?!

Não quero (res)sucitar aqui uma discussão sobre DRM. Assunto já debatido exaustivamente internet a fora. Apenas me refiro a terceira e, valendo-me da analogia, mais sangrenta batalha que o BR irá enfretar: BR vs. Donwload Legal. Na verdade, não é só o BR que enfrentará essa batalha, mas todas as mídias físicas em geral, mas tomemos o BR como exemplificação.

Engraçado que esses dias estava eu conversando com pai sobre como era a música na "época" dele e, inevitavelmente a conversa desembocou em um discussão sobre a evolução do "comportamento musical". Meu pai, um cara longe de ser considerado "digital", tudo que ele sabe fazer com computador é abrir e-mail, baixar músicas e googlear, disse sem titubear que as mídias físicas estavam com os dias contados. Eu hesitei.

Qual não foi minha surpresa, Rodrigo Prior, parceiro para discutir tendências, compartilha da mesma opinião que a dele. Ainda um pouco mais radical, disse que o BR é um projeto 'nati-morto'.

Eu contra-ataco dizendo que há mais em um CD, DVD ou BR que apenas músicas, filmes ou jogos. Há toda uma produção e desenvolvimento por trás, que, ao se baixar apenas o conteúdo, perde-se quase que por completo.

Mas essa é um discussão ainda recente, pelo menos por aqui, em terras tupiniquins, até porque não há ainda um serviço decente de vendas online. Já viu algum? Lembre-se, eu disse decente.

Nesse sentido, em terras desenvolvidas, pode-se dizer que a Apple saiu na frente. A tão badalada MacWorld '08 e seu fiasco MacBook Air, na verdade deu os primeiros passos para a consolidação de uma nova tendência, que qualquer míope é capaz de visualizar. Uma Time Capsule (aka data center) que faz o back-up (por que não: 'conecta'?) via air (aka WiFi) todos os computadores de uma casa. Dessa forma, você pode acessar seus dados/documentos de qualquer computador. A TV será apenas mais um periférico deste data center capaz de reproduzir, navegar e até mesmo comprar/alugar filmes. Lembrando que já é possível alugar filmes através da Apple TV. De alugar para vender é apenas uma questão de conceito.

Visto por este prisma, pode ser dada como certa, ao final da trilogia, a derrota do BR. Mas até lá tem muito filme ainda. Há os extremistas radicais que não abrem mão da mídia (eu! ao menos por enquanto) e os próprios fabricantes das mídias que não abandonarão o campo de batalha tão cedo.

A meu ver, os grandes generais desta batalhas são os produtores e diretores, que de um lado (da mídia) se preocuparão em desenvolver produtos que agucem o desejo de compra por parte dos consumidores (e.g. lembram do álbum da trilha sonora de "Os Simpsons - o filme"?) e do outro (do lado do donwload legal), procurarão mostrar que a praticidade e o baixo custo da mídia totalmente digital supera qualquer mania consumista.

Na verdade, o tema em questão nada mais é que uma mudança de paradigma. E das grandes! E todos bem sabem que mudanças de paradigmas, assim como grandes batalhas, não acontecem da noite para o dia. É um processo que se dá paulatinamente (eu sempre quis dizer isso).

Em uma sociedade cada vez mais digital e on line, a única certeza que podemos ter é que essa trilogia é apenas uma de muitas outras que virão. Enquanto houver capitalismo, haverá inovação, e com ela, mudanças de paradigmas. Mas isso Schumpeter já dizia lá nos idos anos 1950 -- porque afinal, este é um blog de economistas.

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¹ Não me diga que você ainda não sabe o que é Blue-Ray?! Em duas palavras, Blue-Ray é aquele que vai, agora oficialmente, substituir o DVD, mas a wikipédia explica melhor.
² Depois que se lê livros sobre Estratégia Empresarial, atitudes aparentemente absurdas se tornam simplesmente lógicas.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Reviews

Reviews está de volta e com algumas mudanças:
A partir de agora não será feito apenas em review por semana, mas sim review de todos os filmes assistidos durante a semana que se passou, ou seja, não terá um número fixo de reviews. Devido ao número maior de reviews, a sua estrutura será sucinta, com breves comentários, o que se sobressai no filme e uma nota (0 a 5), lembrando, intimamente pessoal.



Os Dez (The Ten)
Comédia: O filme retrata uma sátira sobre os dez mandamentos religiosos. Para cada mandamento é retratado um curta, contendo como assunto principal cada um dos dez mandamentos, onde os mesmo atores se revezam para interpretar personagens diferentes para cada mandamento. O filme apresenta histórias fracas, pouquíssima irreverência e raros momentos de risos, o que é compromete em muito um filme de comédia. Logo não assistem.
Nota: 2,3







Eu sou a Lenda (I am the legend)
Ficção: É mais um daqueles filmes onde os Estados Unidos, opa.. digo a Terra é atacada por uma virose incurável, disseminando com toda a humanidade, ou quase toda ela, poupando apenas o dr. Robert Neville, interpretado por Will Smith, que passa a ter uma vida solitária com seu cachorro, contra o que se transformaram os seres humanos. O filme contém cenas fabulosas da cidade de Nova York largada as traças, ótimos efeitos, ótima fotografia, porém enredo nada original.
Nota: 4,1





O Invisível (The Invisible)
Drama: O tema central do longa, baseia-se no provável assassinato de um rapaz, por uma jovem, que estuda na mesma faculdade do vitimado. Ela começa a ser perseguida pela polícia e ele, estando a beira da morte passa a segui-la (sob a forma espiritual), pois ela é a única que sabe do seu real paradeiro e pode juntamente com a polícia salvar sua vida. O filme foca, por se tratar de um drama, na relação entre pais e filhos, o que foi bem trabalhado, possui cenários abertos e enredo criativo, porém forçado.
Nota: 3,9

Lost posts e a volta daqueles que não foram.


E eu que escrevi alguns meio posts no lugar errado, o cérebro. Perdi mesmo, se foram junto com aqueles neurônios que a cerveja queimou durante o carnaval. Mentira, o carnaval já acabou e eu continuo sem escrever nada. Nada de nada.

As janelinhas de aviso das minhas assinaturas de newsletters não param, acumulam no e-mail assim como os feeds não lidos, e o #cparty está bombando lá no twitter.

Ok estou perdido, naufraguei em uma ilha imaginária [melhor dizer assim] e só recebo mais informações das mesmas coisas na maioria do tempo e, dentre asneiras e pesquisas britânicas o que tem me chamado atenção, são os rumos da globalização. Que coisa.

Reparem, sempre que enfrentamos alguma crise volta à tona o protecionismo e todos aqueles nervosismos tradicionais, modo já manjado de tapar o sol com a peneira e, com estas crises recentes, as dificuldades de equalização das economias em torno de objetivos, digamos, menos egoístas, tem se explicitado.

[Re]surge então com força a idéia de que problemas que são reconhecidos como globais, devem ser tratados globalmente, nada mais justo, visto que as decisões unilaterais dos países são posições fracas e tendem ao esquecimento quando assim for conveniente. Em determinadas ocasiões, uma supervisão não vai nada mal.

Um pouco mais implícita [ainda] é a importância que tem se dado às organizações supranacionais, estas a meu ver, poderiam/deveriam atuar como uma espécie de paradigma, e esse seria um passo fundamental na bela trajetória da globalização. Está demorando.

Visto isso, uma idéia que chega em boa hora é a criação da - Agência Mundial de Meio Ambiente - para regular as comercializações de carbono, pois nesse mercado já começam a surgir os primeiros grandes problemas, que já não são solucionados nas grandes reuniões esporádicas. É preciso mais ênfase, discussões isentas, permanentes e com poder de persuasão – vai aí uma organização supranacional?

Sem links assim mesmo. Desculpem, é tudo verdade.


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Autobiografia vs. Biografia

"Acredito, sim, em inspiração, não como uma coisa que vem de fora, que 'baixa' no escritor, mas simplesmente como o resultado de uma peculiar introspecção que permite ao escritor acessar histórias que já se encontram em embrião no seu próprio inconsciente e que costumam aparecer sob outras formas — o sonho, por exemplo. Mas só inspiração não é suficiente".
(Moacyr Scliar)


Até então eu nunca tinha ouvido nem falar sobre Moacyr Scliar -- embora isso já não é surpresa para mim que ainda não ouvi falar de muita gente, diga-se de passagem. Descobri-o, então, através de sua autobiografia "Moacyr Scliar - O Texto, ou: A Vida" meu melhor presente de natal de 2007 -- embora seja o único.

Não diria que foi o melhor livro lido por mim até hoje, ainda porque minha biblioteca muito carece para se tornar algo reasonable, mas, para todos os efeitos, certamente está entre os melhores. E como prova disso, despertou em mim um novo interesse: ler mais autobiografias.

Mesmo ainda sem ter lido bibliografias (além das da Bíblia), algo me faz pensar que prefiro autobiografias à biografias. Explico.

Um dos momentos que mais aprecio em família é quando gerações anteriores (seja esta a dos pais, avós, bisavós...) contam sobre suas experiências. Nutro um especial apreço por ouvir aquela fala mansa com voz encorpada de conhecimento contar suas histórias, seus casos, relatar sobre sua juventude, as músicas que ouviam, as roupas que usavam, os hypes (embora muito provavelmente nem sequer soubessem da existência desse termo), as perspectivas do futuro à época, seus planos, enfim, quando descrevem o mundo em que viviam, um mundo totalemente diferente do qual vivemos.

Talvez esse apreço se deve à minha persistente tentativa de interpretar o presente à luz do passado com a inútil esperança de que isso irá me ajudar a prever/enteder o futuro. Seja como for, acredito que este compartilhamento de experiência de vida é a melhor maneira de se transmitir conhecimentos e em sua melhor forma: ''in natura".

E penso que por isso então prefiro autobiografias à biografias. De repente biografias e autobiografias poderiam receber um novo conceito. A primeira, ensinamentos sobre a vida de alguém, e, a segunda, experiências que o autor acredita ser tão útil/válidos para a vida, a ponto de desejar materializá-las, compartilhá-las e "eternizá-las". Tem algo mais valioso que conhecimentos learning by doing "for free"?

Poderia ser um pouco mais grosseiro e dizer que uma biografia nada mais é que uma babação de ovo explícita, descarada e sem escrúpulos de alguém em homenagem à outrem, em sua maioria póstumas, -- enquanto que, em se tratando de autobiografias, já não se pode dizer o mesmo até por questões morfológicas -- mas não vou.

Enfim, o livro é ótimo, o autor é excelente (imortal -- com ou sem aspas --, a saber) e o assunto é "meu novo predileto".


PS.: Three! And counting...
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