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quinta-feira, 27 de março de 2008

E mais uma vez a China

Há uns três posts atrás, eu disse que no meu ponto de vista, a China estava fadada a ser o eterno país em desenvolvimento. Ainda no domingo a Mirian Leitão disse em seu blog (e em sua coluna no Globo) que não só o Brasil ou a China tem problemas com crescimento, mas todos os países do BRIC (so called "em desenvolvimento") enfrentam diversos gargalos que dificultam o desenvolvimento propriamente dito.

Em sua coluna de domingo, enfatizou que tanto a Índia como a China, tem ainda grandes problemas a resolver. A Índia com seu Estado superpopuloso e ineficiente, carece de reformas tanto quanto o Brasil de caráter mais que emergencial. O problema da China é com seu modelo de sustentabilidade ambiental, tão em vogue nos últimos tempos -- mas não sem motivos, a bem da verdade. Com o upgrade de indústrias leves para indústrias pesadas, a quantidade de siderúrgicas no país aumentou e com elas, a poluição e a chuva ácida. Estima-se que cerca de 400 mil chineses morrem por ano vítimas da poluição, um número bastante assustador.

Enquanto isso o Brasil -- em se abstraindo fatores como burocracia, corrupção, politicos e afins --, precisa urgentemente de uma política industrial eficiente que fomente o tão almeijado desenvolvimento técnico-científico e incentive investimentos em P&D, e a Rússia, bom, a Rússia já é um problema per se.

Dessa forma, os países então considerados do futuro estão ficando cada vez mais do futuro, e isso, diferentemente da gíria "bressânica", não é coisa boa.

| Link para o post da Mirian Leitão aqui.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Inovar é preciso, ou: Porque a China nunca deixará de ser um país "em desenvolvimento"

Da série: posts cujo o título é quase maior que o texto.

Já tem um tempo que a economia chinesa é vista como uma aspirante a grande potência mundial, idéia que é reforçada pelos prósperos resultados obtidos, entre eles, um crescimento anual do PIB cercando os 10%. Há quem aposte todas as suas fichas que a China logo superará os EUA e assumirá a posição de maior potência econômica mundial. Eu aposto o contrário, que a China nunca deixará de ser um país "em desenvolvimento", e tentarei convencê-lo disto.

Para se ter uma potência econômica, é necessário mais do que uma indústria de ponta consolidada e uma economia/moeda forte. É preciso inovar, considerado para os desenvolvimentistas como a chave para o desenvolvimento econômico e que é fruto de intensivos investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e em Ciência e Tecnologia (C&T)

Se há algo que a China não faz é inovar. Por inovação entenda-se não apenas a criação de novos produtos mas também o aprimorar os já existentes. E o que a China faz é exatamente o oposto: deteriora -- para poder atender o pobre mercado chinês. Já estão fazendo versões Xing-Ling até de automóveis, o que tem incomodado grandes montadoras como BMW, GM, Ford, etc. que ameaçam processar, não sem razão, vale dizer, a indústria automobilística chinesa de plagiar seus carros. Pelo menos alguns plágios vem com motor elétrico, contribuindo assim para a redução de emissão de CO2 na atmosfera.

Não que a China não tenha investido em P&D e C&T, prova disso é a LeNovo, empresa chinesa que comprou participações da gigante falida IBM e que lançou recentemente um concorrente para o MacBook Air fazendo Jobs guardar o brinquedinho dele no bolso. Mas a LeNovo é uma exceção. Não acredito que a indústria chinesa irá chegar aos níveis de desenvolvimento alcançado pela empresa de computadores. É como querer que o cara que sempre colou na escola para passar de ano, tire 10 em física quântica. Impossível? Não. Improvável.

Por improvável, eu prefiro apostar na genética industrial chinesa de fazer produtos falsificados de baixa qualidade e quase nenhuma inovação.

Mas então, o que explica os bons números da economia chinesa? Ora, a China representa ~1/6 da população mundial. 1/6 que precisa comer, vestir-se, locomover-se, etc. Ademais, dê uma olhada ao seu redor, quantos produtos 'made in china' você encontra? A saber, Nike, BenQ-Siemens, HP, para citar apenas alguns, são, em sua maioria, "made in china" (e quando não o são, são em algum China-like).

Enquanto a China não se voltar para a inovação continuará sendo o chão-de-fábrica das multinacionais de países desenvolvidos, assim como o Brasil é o celeiro do mundo. Não é à toa que ambos estão categorizados sob a mesma "égide": países emergentes ou, "em desenvolvimento". Por consenso, "países do futuro" (!) -- a eterna piada.

//Este é um assunto que pode render artigos científicos interessantes ou até monografias. Basta apenas refinar a revisão bibliográfica e levantar dados. Ênfase em *apenas*. Quem se interessar, let me know! Tenho 300+ Mb em pdfs sobre Economia Industrial e Economia da Tecnlogia que tratam basicamente sobre isso além de um consistente know-how em colegar dados da UNcomtrade e OMC, que talvez sejam úteis. =)