"Arrastado por quatro bairros do RJ, morto, destroçado por bandidos e mais uma vez.. NÃO VAMOS FAZER NADA?"Eis aí a capa da Veja dessa semana (14.02). Eu nem queria postar nada sobre esse tema por aqui, visto que além de desagradável (lastimável, entre outros adjetivos que nos remetem a coisas/fatos demasiadamente tristes), já há muitas (e eu diria centenas) de críticas, opiniões, achismos e afins web afora sobre isso. Mas não me contive ao ver a manchete da capa acima exposta.
Para mim, há muito a Veja deixou de ser um veículo de comunicação imparcial (hã?! o que é isto?) como todos deveriam ser. Nas últimas eleições presidenciais, apesar da minha antipatia para com o "Apedeuta", suportava com pesar capas e mais capas que buscavam (em vão) redicularizá-lo. Mas isso era política, e a gente infelizmente já está acostumado ao lamaçal pútrido que o é a nossa política (e eu já nem iria ficar surpreso se visse na capa do dia 29.10.2006 - dia das eleições no 2° turno - algo como: "Vote 45!").
Agora, se aproveitar da desgraça alheia para expôr na capa uma matéria que para mim soa um tanto quanto sensacionalista (!!), isso extrapola todos e quaisquer limites éticos, profissionais e, acima de tudo, do bom senso. Isso, sem avaliar pormenorizadamente a indagação: "Não vamos fazer nada?" Ora, o que nos resta a fazer senão, com muito respeito, expôr nossos sinceros sentimentos à família e concentrar esforços para que haja, o mais rápido possível, uma (re)humanização da sociedade (ou será apenas dos marginais e delinquentes?), e uma revisão de conceitos e valores que há muito foram esquecidos?!
Vamos sair às ruas, protestar, blá blá blá? Que resultados práticos isso trará? Aí alguns de vocês podem dizer: "Redução da menoridade!" ou, alguns mais radicais "Pena de Morte!". Mas eu não penso que hoje um menor infrator ao completar seus 18 anos se conscientiza: "Ah, agora já posso ser preso. Não vou mais infringir a lei". E sobre a pena de morte, isso envolve inúmeros outros fatores que fogem ao desígnio deste post.
A meu ver, reprimir não é a solução, nunca foi e nunca será. A "verdadeira solução" está em evitar situações como esta e isso só será possível através de uma educação melhor, de uma assitência médica melhor, de (políticos fazerem) políticas melhores no sentido de melhorar a distribuição de renda entre tantos outros fatores e cofatores que contribuem direta e indiretamente para a formação dos cidadãos (se é que assim podemos denominar os que cometem crimes horripilitantes tais como este que abalou o Brasil). O problema não está em "o que vamos fazer agora?", mas sim em "o que deixamos de fazer?".
Será que amarrar os condenados e arrastá-los por 7, 14, 28, 70, 700,... km, ou, condená-los à morte, ou, condená-los a prisão perpétua iria trazer o garoto de volta, ou, iria amenizar a situação da família, ou, iria resolver a criminalidade no Brasil? Se a família almeja por vingança, essas penas iriam apenas confortá-las em uma mínima escala, mas nunca chegariam perto de trazer uma solução prática para tantos outros que morrem por aí também vítimas da violência e devassidão que hora nos circunda.
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