sexta-feira, 7 de setembro de 2007

O verdadeiro comunismo

Como pseudo-nômade, nas minhas andanças daqui pra lá e de lá pra cá, percebi que se há um lugar perfeitamente igualitário, este lugar se chama transporte coletivo, seja ele avião, ônibus ou anyone else. Nestes, independente de raça, credo, posição social ou saldo da conta bancária, todos são iguais. Todos estão apenas indo de um ponto A para um ponto B e nada mais do que isso, um perfeito comunismo.
Lá, não importa se você é um Carlos Slim ou se teve que fazer um leasing da sua alma para poder comprar a passagem. Não importa se você é presidente dos states ou um pacato cidadão de São João do Polêsine. Lá, todos estão indo do ponto A para o ponto B e nada mais do que isso.
Lá também não importa se você é grego ou troiano, montéquio ou capuleto, gaulês ou romano, corintiano ou palmeirense.. Não importa se você é evangélico, budista ou candomblé. Se o seu destino final é Nossa Sra. Aparecida ou a Meca, todos ali estão indo de A para B.
Também não importa se você está indo para cidade grande cheio de esperanças se aventurar em um novo emprego, começar uma faculdade, ou se está voltando cabisbaixo, desiludido. Não importa se está indo para o casamento de seu melhor amigo, ou se está voltando para casa após um divórcio dolorido. Nem tão pouco importa se está indo para o batizado de seu afilhado ou para o nascimento do seu sobrinho, ou se está voltando do velório de sua mãe ou ente querido. Lá, todos estão apenas indo de um ponto A para um ponto B, e nada mas do que isso.
Mas o mais interessante é que mundos tão diferentes, tão distintos, se acomodam, às vezes por horas, a menos de meio metro de distância, intransponíveis pela indiferença, pelos egos e nem procuram conhecer o mundo ao lado. Um universo de diversidades dispostos lado a lado, todos indo de um ponto A para um ponto B e nada além disso.