terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Sobre (mais uma) segunda-feira negra

Há tempos não se fala por aqui sobre Mercado Financeiro, mas a catástrofe de ontem não poderia passar em banco. No entanto, devido à algumas pedras no meio do caminho, o post só saiu hoje.

Ontem foi um dia para entrar na história, mas daqueles dos quais ninguém gostaria de fazer parte. Um dia para se esquecer (se conseguir, diga-me como). Segue aí um mini-clipping como resumo:

Valor de empresas da Bovespa já caiu R$ 344 bi no ano
Com a queda de 6,6% ontem (acumulado no ano 15,93%), o valor de mercado das empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) já caiu R$ 344,9 bilhões.

George Soros diz que atual crise financeira é a pior desde 2ª Guerra Mundial
O multimilionário de origem húngara afirma que os Estados Unidos estão ameaçados por uma recessão que pode contagiar a Europa, embora isso não seja compreendido assim no Velho Continente.


O Rodrigo Prior fez uma sábia observação sobre o drama que muitas pessoas estão passando no momento devido à crise:
"é o risco de quem investe pela influência de rumores, sem saber o que realmente está fazendo"

Muita gente entrou na Bolsa na época do oba-oba pensando que a Bolsa era o meio mais prático, rápido e fácil de ganhar dinheiro. Não que isso seja totalmente uma falácia, mas tudo tem seus prós e contras. (lembra da Teoria da Distribuição Bicaudal?)

Desde que este blog começou a ter como pauta o mercado financeiro, e em épocas de céu de brigadeiro impulsionados pelo bom desempenho da economia mundial, nossa recomendação basicamente era: "bolsa é uma boa, mas precisa ser cauteloso."

O que está acontendo é quase que um erro de lógica. Do que adianta a economia mundial crescer com produções em níveis de mil milhares, sendo que a economia americana, a grande compradora, não consegue comprar nem milhares?

O efeito do pacote do Mr Bush de liberar até US$ 150 bi para evitar a recessão foi como tentar parar um trem de carga em alta velocidade com um tiro de um 9mm. 150 bi é equivalente a 1% do PIB americano e o mesmo que circula em um dia no mercado asiático. A decepção foi generalizada.

E hoje o dia começou negro na ásia. Perdas e mais perdas catastróficas. Um hora após a abertura do pregão, o índice da Bolsa da India marcava perdas de 9,75%. Tudo indicava que ia ser uma continuação de ontem. Felizmente, o FED resolveu se reunir em caráter emergencial e cortar as taxas de juros em 0,75% para 3,5. Isso deu um pouco de fõlego para os investidores e que tem assegurado, até o momento, um ensaio de recuperação.

O que tem aos montes hoje nos principais jornais são especialistas dizendo que o momento agora é para ter calma e esperar o mau tempo (algo como um furacão de nível 6) passar. Que temos que pensar no longo prazo e blá-blá-blá. O que é ao mesmo tempo óbvio e a única coisa a ser dita. Não há nada que possa ser feito além de esperar que os investidores reajam bem às iniciativas tomadas pelo FED e torcer para que os americanos resolvam gastar mais, pois só assim estaríamos, quiçá, livres um momento negro na história da economia mundial.