terça-feira, 16 de outubro de 2007

Brasil pouco inovador

E na Folha de ontem uma reportagem sobre uma pesquisa inédita (no Brasil) realizada pelo Symnetics que identificou que apenas uma em cada três empresas brasileiras são consideradas "inovadoras". (Entenda-se por inovadoras aquelas companhias que dispõem, obrigatoriamente, de ferramentas de comunicação para captar as necessidades dos consumidores em relação aos produtos e serviços disponíveis).
Para um país que quer ser considerado/se auto intitula "país em desenvolvimento", é um índice baixo e pouco animador. É um problema crônico que só tende a agravar mais se nada for feito nesse sentido.
Mas então, qual seria a solução? Obviamente que não há um passo-a-passo, nem tutorial ou qualquer outra coisa parecida que diga exatamente o que deve e o que não deve ser feito para que um país se desenvolva. No entanto, há alguns pontos cruciais que necessariamente devem ser solucionados se queremos um futuro melhor. Eis aí alguns:

:: um sistema educacional eficiente
Para que um país tenha uma área de desenvolvimento técnico-científico decente, é necessário que tenha um sistema educacional bom, com boas universidades e centros de pesquisas que formem profissionais qualificados e aptos para desenvolverem produtos e tecnologia que se adaptem/agradem aos gostos dos consumidores. Foi exatamente isso que a Coréia do Sul fez nas últimas décadas e era isso que pregava Cristóvam Buarque em sua campanha eleitoral.
O Brasil possui, sim, universidades e centros de pesquisas bons e altamente qualificados, o problema é que são demasiadamente elitizados e centrados no eixo Rio-São Paulo com algumas raras exceções em MG e RS. Outro problema é que quando saem das universidades, os formandos destes centros ou vão para o exterior/multinacionais, ou ficam no meio acadêmico mesmo. Um dado desanimador é que no Brasil, cerca de 90% dos doutores atuam nas academias enquanto que nos EUA, essa mesma porcentagem se encontra nos laboratórios de pesquisa e desenvolvimento produzindo e desenvolvendo. Somando a isso, em um país em que não se reprova de 1ª a 4ª série, fica realmente difícil visualizar alguma perspectiva de mudança.

:: políticas industriais eficientes
Depois de ter um sistema educacional sólido, é necessário ainda Políticas Industriais que auxiliem as indústrias nascentes para que possam competir "de igual para igual" com as indústrias já instaladas no mercado. E aí está outro problema do Brasil que além de não possuir uma política industrial bem desenvolvida, possui uma carga tributária asfixiante para qualquer novo empreendedor. Isso sem falar nos subsídios oferecidos pelo governo favorecendo a importação de produtos de alta tecnologia jogando no lixo todo e qualquer esforço em desenvolver a indústria doméstica.

:: os dois lados da teoria econômica
Schumpeter, um dos evolucionista, já defendia que o motor do desenvolvimento econômico de um país é o investimento em ciência e tecnologia. E isso é uma problemática que deve ser levada a sério. Muitos economistas deixam-se levar pelo ideologismo e acabam “esquecendo” da importância dessa área para a economia e insistem em dizer que o governo calado é um poeta.

Muito tem que ser feito ainda para que o Brasil tenha chance de galgar lugares ávidos. Apesar de estar entre os BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China, países considerados com grande potencial de desenvolvimento) uma das razões de estar atraindo tantos investimentos externos, em vários índices, Brasil é sempre o que apresenta o pior resultado entre os quatro.
Se continuar da maneira como está, o que teremos pela frente é um aumento do gap tecnológico e uma eterna dependência do mercado externo no que tange a produtos de alta tecnologia. Será que é isso o que queremos?