terça-feira, 23 de outubro de 2007

O "liberalismo" americano

Os liberais adoram citar os EUA como exemplo de uma economia liberal que deu certo. E mais, ainda colocam como sendo uma condição "se, e somente se" para o fato de hoje ser a grande potência mundial. Mas não precisamos ir muito longe para descobrir que "laissez faire, laissez aller, laissez passer" é uma falácia inócua e repleta de percalços. Uma utopia. Um punhado de notícias já é capaz de explicar melhor.
Vejam só, o liberalismo americano prorrogando as tarifas sobre o etanol brasileiro até 2011 que, além de utilizarem de um pacote fiscal de US$ 16 bilhões para manterem um programa de ajuda aos produtores agrícolas, ainda sobretaxam o álcool importado em US$ 0,54 por galão (3,785 litros). Em uma reportagem da Reuters de maio deste ano, o diretor de abastecimento da Petrobrás anunciou um embarque de 12 *milhões* de litros para os stêits. Agora façam aí as contas de quanto o Brasil vai pagar por isso.
Ironia ou não, a mesma economia que prega a lei do livre mercado, é a que pratica a sobretaxa ao álcool brasileiro acima e ainda diz-se estar descontente com a decisão da OMC contra os subsídios aos produtores de algodão americanos, que, segundo o próprio governo americano, foi cerca de US$ 3,1 milhões só em 2005. Desnecessário dizer que estes subsídios atacam diretamente os algodoeiros de terras tupiniquim né.
Temos ainda o FED (o Banco Central americano) injetando US$ 14,75 bilhões no sistema monetário da "livre economia". Medida necessária para garantir liquidez no sistema, que foi afetado devido à crise no mercado creditício e ao excesso de dívida no âmbito das hipotecas de alto risco (o so-called subprime). Vale a lembrança que não estou aqui querendo discutir a eficácia ou a necessidade de tais políticas. O que procuro evidenciar é a total hipocrisia das políticas [então chamadas] liberais que pregam a mão invisível do mercado, que, pelo que parece, não anda tão invisível assim.
Mas o mais cômico é ver o presidente dos EUA dizendo estar preocupado com o aumento do protecionismo por lá. "O sentimento protecionista me preocupa porque acredito que um mundo aberto aos produtos, aos bens e aos serviços americanos é vantajoso para os agricultores e os industriais americanos" Exatamente Mr. President. O problema é que desde nunca vocês praticaram o liberalismo como pregam.