Segue aí um Ctrl+C/Ctrl+V nervoso achado aqui, sobre os vários tipos de estudantes de economia. Veja aí em qual deles você se enquadra.
Tomando como amostra os alunos de uma turma de um semestre de qualquer curso de graduação em Economia no Brasil, encontramos os seguintes tipos de alunos:
QUASE-HISTORIADOR: aluno que gosta de história, ou de ciências humanas em geral, e escolheu fazer vestibular para economia porque essa seria a ciência social mais propícia ao sucesso profissional, ou o curso dessa área ideologicamente mais eclético. A maioria dos quase-historiadores tende a se interessar pela heterodoxia (ou pela nova economia institucional), e podem se tornar pesquisadores em história econômica, HPE, economia política, desenvolvimento sócio-econômico e economia brasileira. Sua tendência após concluir o curso é de procurar pós-graduação, e seguir vida acadêmica. Por parecerem intelectualódies, em média, os quase-historiadores podem ser considerados "chatos" por parte de seus colegas, particularmente pelos "jovens empreendedores".
POLÍTICO: aluno que tem interesse em seguir carreira nos meios políticos, e, na inexistência de cursos de graduação em ciência política ou administração pública na região onde vive, presta vestibular para economia. Suas áreas de interesse são economia do setor público, direito aplicado à economia e políticas macroeconômicas (a "macroeconomia hidráulica" segundo o Jorge Araújo, de causalidade qualitativa entre políticas, o nível de produto e o nível de preços de uma economia). Alguns políticos abandonam o curso para ingressar em algum "movimento". Após o término do curso, os políticos formados tentam, além de inserir-se em seu meio, realizar concursos públicos.
ORTODOXO ESTRITO: aluno que já tem alguma noção do conteúdo básico de um curso de economia, e espera obter uma boa base de conteúdo quantitativo (matemática, econometria) e teórico (micro e macroeconomia), de acordo com o currículo-padrão de cursos de economia em nível internacional. Contudo, como a grande maior parte dos cursos de graduação em ciências econômicas do Brasil segue uma linha eclética ou heterodoxa, o aluno ortodoxo estrito pode desenvolver o mal-hábito de ficar falando mal de seu curso durante toda a sua graduação, e derreter-se em arrependimentos por não ter escolhido um curso "mais sério" (de ciências exatas), como matemática ou engenharia. Alguns ortodoxos estritos são mais radicais, ignorando inclusive a importância das cadeiras de macroeconomia para seu conhecimento. Alguns ortodoxos estritos são "fraudes acadêmicas", isto é, falam aos seus colegas que são muito bons em matemática, que deveriam estar na FGV ou no IMPA, etc, mas seu desempenho nas provas não corresponde ao seu ego. Por outro lado, os ortodoxos estritos que são realmente bons conseguem obter excelentes resultados no exame Anpec, e cursar pós-graduação em centros mais de acordo com suas preferências.
"JOVEM EMPREENDEDOR": aluno que presta vestibular para economia pensando em seguir um curso prático, indutivo, que o prepare exclusivamente para o mercado profissional, ou como ele mesmo diz, "para ganhar dinheiro". Contudo, como os cursos de economia no Brasil (e, segundo alguns, isso vale em nível internacional) seguem uma linha predominantemente acadêmica e teórica, e pouco voltados para a área de economia empresarial e financeira, tal aluno sente-se decepcionado logo no primeiro semestre. Algumas versões mais caricaturais de sovens empreendedores chegam a afirmar que qualquer conteúdo teórico na economia é inútil: matemática é "abstrato", micro "não corresponde ao mundo real", macro é "política", história "já passou", economia do setor público "é só para funcionário público", cadeiras de pesquisa "são para acadêmicos", e por aí vai. Talvez seja por isso que boa parte dos alunos desse tipo abandonem o curso antes de terminar, mudando para administração ou ciências contábeis (que são, de fato, cursos mais práticos), ou mesmo para ingressar no mercado profissional mais cedo. Praticamente todos procuram estágios profissionais logo no início do curso, o que pode inclusive reforçar a sua decepção com a ciência econômica em sua aplicação ao mundo profissional real. Outros convertem-se em ortodoxos ou heterodoxos e procuram pós-graduação, podendo obter muito sucesso a partir daí. Outros ainda, por inércia, formam-se em economia sem, de fato, acreditar na importância do curso, apenas para ter algum diploma superior.
PERDIDO NA SELVA: aluno que presta vestibular para economia sem saber muito bem (ou absolutamente nada) do que quer de sua vida, tal como muitos vestibulandos de direito e de administração. Durante o curso, o aluno perdido na selva pode se "encontrar", e se converter em ortodoxo, heterodoxo, ou mesmo em "jovem empreendedor decepcionado", seguindo o rumo de seu novo tipo individual. Ou então, continua perdido em uma selva cada vez mais selvagem. Muitos desses alunos "somem" ao longo de sua graduação, desistindo de sua faculdade, ou migrando para ser trabalhador escravo em algum país desenvolvido. Alguns dos que "somem" "voltam" de forma tão misteriosa como aquela em que sumiram. Outros chegam a se formar, com a impressão de que não aprenderam nada com o seu curso.
PS.: todos esses tipos sociais entre cursos de economia são versões caricaturais, descritos em cunho humorístico, e não foram inspirados pessoalmente em ninguém que eu conheça. Os alunos reais tendem a ser combinações lineares de características de todos os grupos. Como nos filmes, "qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, é mera coincidência". Se tu te identificares com algum tipo, é problema teu!
PPS.: acho que faltam alguns tipos minoritários. Se alguém quiser contribuir com novas descrições, pode mandar que eu incluo no post.
PPPS.: pensando em mim mesmo, acho que, ao longo dos meus nove semestres na graduação em Ciências Econômicas na UFRGS fui 60% quase-historiador, 30% jovem empreendedor e 10% político.
Eu só acho que "quase historiadores" e heterodoxos poderiam ser melhor diferenciados. =)
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